quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Consertando o mundo


Um cientista muito preocupado com os problemas do mundo passava dias em seu laboratório, tentando encontrar meios de minorá-los.
Certo dia, seu filho de 7 anos invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo. O cientista, nervoso pela interrupção, tentou fazer o filho brincar em outro lugar. Vendo que seria impossível removê-lo, procurou algo que pudesse distrair a criança. De repente, deparou-se com o mapa do mundo. Estava ali o que procurava. Recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou ao filho dizendo:
- Você gosta de quebra-cabeça? Então vou lhe dar o mundo para consertar. Aqui está ele todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! Mas faça tudo sozinho!
Pelos seus cálculos, a criança levaria dias para recompor o mapa. Passadas algumas horas, ouviu o filho chamando-o calmamente.
A princípio, o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível na sua idade conseguir recompor um mapa quem jamais havia visto. Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança. Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares. Como seria possível? Como o menino havia sido capaz?
- Você não sabia como era o mundo, meu filho, como conseguiu?
- Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei, mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que havia consertado o mundo!
Autor desconhecido

domingo, 2 de outubro de 2011

Filosofia: significado e fundamentos


A vida tem se tornado cada vez mais complexa e confusa. Todo dia surge um novo problema, seja oriundo da televisão, da vida social ou um questionamento da própria existência, e estes problemas chamam nossa atenção. Pensar sobre o mundo (política, meio ambiente, religião, educação, família, tecnologia e tantos outros problemas) de forma reflexiva1 e poder aprofundar cada vez mais o conhecimento é a possibilidade que a filosofia pode nos proporciona.

Você já se perguntou por que as coisas são desse modo e não de outro? Por que os pássaros voam, os homens andam, as cobras rastejam e os cangurus pulam? Ora, podemos classificar todos como seres vivos, entretanto há particularidades que diferenciam um do outro, essas particularidades são determinantes para a distinção das espécies. Podemos estudar o todo (seres vivos) ou a parte (as espécies), isso é tarefa da filosofia. Algumas questões que outrora foram objeto de muito estudo, hoje parecem óbvias; como o sol é maior que a Terra e é a Terra que gira em torno do sol.
Desde tempos imemoriais, o homem pergunta-se sobre sua existência. Quem sou? De onde vim? Para onde vou? Essas perguntas relatam a necessidade de se orientar na vida, fundamental para o ser humano. Não se trata apenas de questões suscitadas meramente por acaso. Precisamos descobrir por que estamos vivos, o que estamos fazendo neste mundo.

“Nós perguntamos:
* Quem sou eu?
* Como foi que o mundo passou a existir?
* Que forças governam a história?
* Deus existe?
* O que acontece quando morremos?”
A filosofia é um intenso questionar-se até chegar às últimas consequências pela via do pensamento racional. É chegar até a essência, a significação ou a estrutura e a origem de todas as coisas.

Observamos o mundo e queremos entendê-lo, somos tomados de espanto e admiração, assim como aconteceu com os primeiros filósofos, e nos indagamos: Como é possível a existência? De onde venho? Para onde vou? Por que o sol aparece, aquece e desaparece? Deste modo muitos questionamentos levaram-nos a formular teorias e essas teorias seguem uma metodologia e um modo de conhecer uma determinada coisa, fato, idéia, valor, etc.

Antes todo o saber era filosofia, por conseguinte, a matemática, a física, a retórica, a cosmologia eram saberes da filosofia, não é a toa que muitos matemáticos eram filósofos! Com o passar do tempo, muitos saberes foram se especializando e surgiram as ciências: a matemática, a física, a medicina, a arqueologia, etc. Mesmo assim a filosofia não desapareceu, pois ela procura resposta às questões que não preocupam as ciências, mas são necessários para que o conhecimento científico seja ratificado ou questionado, para se chegar à verdade ou uma resposta satisfatória.
Prof. Eliseu S. Lima

sábado, 1 de outubro de 2011

Sócrates e os sofistas


Mesmo tendo sido incluído muitas vezes entre os sofistas, Sócrates recusava tal classificação, e opunha-se a eles de forma crítica. Sócrates foi contemporâneo dos sofistas e seu mais enérgico adversário que eles tiveram. Seu método de ensino e sua doutrina são o oposto da doutrina e do método dos sofistas. As divergências principais são as seguintes:
- Os sofistas buscam o sucesso e ensinam como consegui-lo. Sócrates busca só a verdade e incita seus discípulos a descobri-la.
- Segundo os sofistas, para se ter sucesso é necessário fazer carreira. Segundo Sócrates, para se chegar à verdade, é necessário desapegar-se das riquezas, das honras, dos prazeres, reentrar no próprio espírito, analisar sinceramente a própria alma, conhecer a si mesmo, reconhecer a própria ignorância.
- Os sofistas se gabam de saberem tudo e de ensinaram a todos. Sócrates tem a convicção de que ninguém pode ser mestre dos outros. Ele não é mestre, mas obstetra (maieuta); não ensina a verdade, mas ajuda seus discípulos a descobri-la neles mesmos. Não leciona aos discípulos, mas conversa, discute, guia-os em suas discussões, orienta-os para a descoberta da verdade.
- Segundo os sofistas, aprender é coisa facílima. Afirmam por isso que por um preço módico podem garantir aos discípulos o conhecimento da retórica e da arte de governar. Segundo Sócrates, aprender não é coisa fácil. Muitos diálogos terminam sem conclusão, sem uma definição da verdade, da bondade, da beleza, da justiça etc., sem um desenvolvimento completo do tema proposto. Para Sócrates, é somente lenta e progressivamente que se chega ao conhecimento da verdade, esclarecendo as próprias ideias e definindo as coisas sempre com mais precisão.
- Para os sofistas, o valor de qualquer conhecimento e de qualquer e de qualquer lei moral é relativo (contrário do universal, geral), subjetivo (opinião do sujeito; contrário de objetivo). Para Sócrates, existem conhecimentos e leis morais de valor absoluto, objetivo e, portanto, universal.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O filosofar num mundo ideologizado

Estudei um livro do Pedrinho Guareschi que tratava das ideologias e dos métodos que as reproduziam, e o interessante foi perceber que a reprodução de um sistema opressivo pode estar camuflada pelo método mais “revolucionário” ou na organização que se preza combater a repressão.
Ora, entendemos que toda e qualquer forma de opressão pode e deve ser combatida, mas os meios que utilizamos devem ser eficazes, mas a escola parece estar sozinha neste combate e o inimigo parece ser invisível. Muito bem, como leciono filosofia é uma das minhas abordagens a apresentação de ideologias e de discutir e instrumentalizar os alunos.
A dificuldade é tão grande que paro de tratar do assunto quando percebo um conflito que pode atrapalhar o andamento da questão, pode-se entender como covardia, mas numa sala com adolescentes existe um limite e devemos manter a cordialidade o resto do ano. Mesmo que não se prolongue um questionamento não significa que morre por ai, muito pelo contrário, é a partir daí que o adolescente perceberá o problema.
A escola é para isso, discutir e levantar problemas, propor soluções junto com os jovens e estabelecer uma relação de companheirismo e reflexões e se não houver a possibilidade de aprofundar a questão, então será nas suas experiências que as respostas virão.
Vou dar apenas uma pitada de algumas ideologias: digo americano ou estadunidense? Pro nas cadeias há muitos pobres e uma raridade quando se prende um rico? Por que o governador de Santa Catarina e seu antecessor não estão nem ai com a educação, mas foram muito bem votados?
O próximo texto abordarei o método histórico-crítico e a abordagem de casuísticas.
Prof. Esp. Eliseu S. Lima

terça-feira, 29 de março de 2011

Anaximandro (611-547 a.C.)

Discípulo e sucessor de Tales. Segundo Anaximandro o princípio eterno e vital, dotado de vida e imortalidade é o ápeiron (indeterminado, infinito). O ápeiron é:
 O espacialmente e quantitativamente infinito e qualitativamente indeterminado.
 Por um processo de separação ou “segregação” derivam (provém) todas as coisas.
 A “massa geradora“ dos seres, a qual contém em si todos os elementos contrários.

Anaximandro recusava-se a ver a origem das coisas em um elemento particular; todas as coisas são limitadas, e o limitado não pode ser, sem injustiça, a origem das coisas.

Anaximandro tinha um argumento para demonstrar que a substância primária não podia ser a água ou qualquer outro elemento. Se um desses elementos fosse anterior, conquistaria (tomaria o lugar) os outros. Segundo Aristóteles, Anaximandro dizia que esses elementos conhecidos estavam em luta uns com os outros. O ar é frio, a água é úmida, o fogo é quente, e essas coisas são antagônicas entre si, portanto elemento primordial não poderia ser um dos elementos visíveis; teria que ser um elemento neutro, que está presente em tudo, mas é invisível.

Para que possamos entender melhor o que é o ápeiron, podemos compará-lo com a natureza de Deus .

Deus
Princípio eterno e vital de tudo o que existe, dotado de vida e imortalidade.
Espiritualmente infinito.
É qualitativamente determinado. (A natureza de Deus não comporta contradição: em Deus não há mal e bem, somente o bem).
Gerador de todos os seres

Ápeiron
Princípio eterno e vital de tudo o que existe, dotado de vida e imortalidade.
Espacialmente ou quantitativamente infinito.
É qualitativamente indeterminado. A natureza do ápeiron comporta contração.
“Massa geradora” dos seres.

O ápeiron está em oposição ao mundo (O ápeiron é infinito e o mundo –Terra- é finito), que está contido nos limites do céu, apesar desse infinito conter os mundos. Para Anaximandro, era possível que o infinito (ápeiron) gerasse um número infinito de mundos, que coexistiriam uns com os outros , mas separados por distâncias tão grandes que jamais tomariam conhecimento uns dos outros.

Os mundos nascem e morrem no seio desse infinito (ápeiron). O retorno de todas as formas ao informe (sem-forma, pois o ápeiron, sendo infinito, não tem forma) é, assim, o cumprimento de uma justiça contra a injustiça, e significa que as coisas pretendem ser subsistentes por si mesmas, pois a justiça é, em última instância, a igualdade de tudo na substância única, a imersão, sem diferenças, no seio de uma indeterminada infinitude (Isso quer dizer que o infinito unifica o todo e que não há luta entre forças contrárias).

Devemos também a Anaximandro uma “teoria” tanto cosmológica como biológica: a espécie humana haveria derivado de animais aquáticos que, em sua origem não seriam humanos (Eis um texto que pode ter inspirado Darwin).

Uma definição de filosofia

A filosofia, quanto mais se estuda, mais aparecem mistérios para serem desvendados. Para a filosofia não existe crença, mas lógica...
A filosofia procura a lógica de tudo, desde a existência de uma simples caneta à criação do mundo... A filosofia nos ajuda a entender tudo e ao mesmo tempo, se não for compreendida, nos deixa confuso.
É preciso compreender a filosofia...
A filosofia exige amor ao estudo para que possamos entendê-la, e mesmo nos dedicando ela é complexa e estudá-la é descobrir a lógica de tudo... (Marcilene Sobral dos Santos, aluna do segundo ano do ensino médio da E. E. B. David Pedro Espíndola - 2008).

Assembleia na carpintaria

Contam que na carpintaria houve uma vez uma assembléia. Foi uma reunião das fer¬ramentas para acertar suas diferenças. O martelo exerceu a presidência, mas os participantes lhe notificaram que teria que renunciar. A causa? Fazia demasiado barulho e, alem do mais, passava todo o tempo golpeando. O martelo aceitou sua culpa, mas também pediu que fosse expulso o parafuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir algo. Diante do ataque, o parafuso concordou, mas por sua vez, pediu expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos. A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro, que sempre media os outros segundo sua medida, como se fora o único perfeito.
Nesse momento entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o parafuso.
Finalmente, a rústica madeira se transformou num lindo móvel. Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembléia reativou a discussão. Foi então que o serrote tomou a palavra e disse: “Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com nossas qualidades, com nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos, e concentremo-nos em nossos pontos fortes”.
A assembleia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limpar e afinar as asperezas, e o metro era preciso e exato.
Sentiram-se então como uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade. Sentiram alegria pela oportunidade de trabalhar juntos.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

SÓCRATES

Sócrates (c.470-399 a.C.) nada deixou escrito, e teve suas idéias divulgadas por dois de seus principais discípulos, Xenofonte e Platão. Evidentemente, devido ao brilho deles, é de se supor que nem sempre fossem realmente fiéis ao pensamento do mestre. Nos diálogos que Platão escreveu, Sócrates figura sempre como o principal interlocutor.
Sócrates se indispôs com os poderosos do seu tempo, sendo acusado de não crer nos deuses da cidade e corromper a mocidade. Por isso foi condenado e morto.
Costumava conversar com todos, fossem velhos ou moços, nobres ou escravos, preocupado com o método do conhecimento. Sócrates parte do pressuposto "só sei que nada sei", que consiste justamente na sabedoria de reconhecer a própria ignorância, ponto de partida para a procura do saber.
Por isso seu método começa pela parte considerada "destrutiva", chamada ironia (em grego, pergun-tar"), entre os gregos a ironia não era uma forma literária, mas uma atitude do espírito considerada detes-tável.
No livro IV da Ética a Nicômaco, Aristóteles, definindo a virtude da veridicidade, considera-a o justo meio entre a jactância (arrogância, vaidade) e a ironia. O irônico peca contra a veridicidade porque, em seus discursos, se recusa a revelar suas qualidades, oculta seu saber sob a capa de uma ignorância fingida e se protege atrás de um comportamento puramente negativo. Não é difícil de reconhecer que esta é a ironia usada por Sócrates, e é natural que os seus contemporâneos o tenham condenado por causa dela, mesmo tendo ele sabido transformar a ironia em um método de educação, em um processo pedagógico e filosófico.
Nas discussões afirma inicialmente nada saber, diante do oponente que se diz conhecedor de determinado assunto. Com suas perguntas, Sócrates deixa embaraçado e perplexo aquele que está seguro de si mesmo, faz-lhe ver novos problemas e desperta a sua curiosidade e estimula-o a refletir, desmonta as certezas até o outro reconhecer a ignorância. Parte então para a segunda etapa do método, a maiêutica (em grego, "parto"). Dá esse nome em homenagem a sua mãe, que era parteira, a-crescentando que, se ela fazia parto de corpos, ele "dava à luz" idéias novas.
Sócrates, por meio de perguntas, destrói o saber constituído para reconstruí-lo na procura da defi-nição do conceito. Esse processo aparece bem ilustrado nos diálogos relatados por Platão, e é bom lembrar que, no final, nem sempre Sócrates tem a resposta: ele também se põe em busca do conceito e às vezes as discussões não chegam a conclusões definitivas.
As questões que Sócrates privilegia são as referentes à moral, daí perguntar em que consiste a coragem, a covardia, a piedade, a justiça e assim por diante. Diante de diversas manifestações de coragem, quer saber o que é a "coragem em si", o universal que a representa. Ora, enquanto a filosofia ainda é nascente, precisa inventar palavras novas, ou usar as antigas dando lhes sentido diferente. Por isso Sócrates utiliza o termo logos, que na linguagem comum significava "palavra", "conversa", e que no sentido filosófico passa a significar "a razão que se dá de algo", ou mais propriamente, conceito.
Por razões de método (e não por incapacidade de Sócrates), seus diálogos levantam uma questão, mas não dão a solução. Servem para por o interrogado no caminho da solução para que ele mesmo a encontre. Solução difícil porque, tratando-se de problemas morais, exige muitas vezes uma conversão.