Descartes localizava a origem do erro em duas atitudes, que chamou de atitudes infantis ou preconceitos da infância:
A primeira é a prevenção, que é a facilidade com que nosso espírito se deixa levar por opiniões e ideias alheias, sem se preocupar em verificar se elas são ou não verdadeiras. Sabe-se que o conhecimento de fé proporciona a uma pessoa acrítica assimilar informações e crenças que deveriam ser questionadas, pois todo consentimento deveria passar pelo crivo da crítica racional.
Todo questionamento é bem-vindo, pois é questionando que esclarecemos vários assuntos e procuramos que as pessoas tenham ideias claras sobre a realidade. Mas como posso saber se as informações recebidas são tendenciosas e/ou ideológicas que interfira na minha vida ou que a mude totalmente? Senso crítico e conhecimento são fundamentais para a autonomia do pensar e arrefecer qualquer forma de influência que nos separe do objeto do conhecimento.
A segunda é a precipitação que é a facilidade e a velocidade com que nossa vontade nos faz emitir juízos sobre as coisas antes de verificarmos se nossas ideias são ou não verdadeiras. Nós, seres volitivos, devemos pensar antes de falar, exprimir, avaliar ou refutar ideias alheias. Um dado importante que pude constatar no município de Barra Velha foi a volitividade em oposição à criticidade. É preocupante o fato de pessoas dentro de uma sala de aula apresentar aquilo que chamamos de “estopim curto”, ao invés de pensarem, “estouram”, principalmente se o assunto for polêmico, e o agravante são os pré-julgamentos oriundos do senso comum.
Não podemos viver num mundo acrítico, sem reflexão por preguiça mental, e, em vez do povo enfrentar os problemas com coragem e propor respostas satisfatórias percebe-se ausência de participação de sujeitos que poderiam ser transformadores da realidade social e até levar outras pessoas a serem também cidadãos ativos na sociedade. Para ser um sujeito crítico da sociedade deve-se libertar de ideologias, da “autoridade” de algumas pessoas e realizar a epoché: antes de emitir um juízo de valor, pensar. Antes de pensar siga os princípios racionais e se passa pelo crivo das três peneiras: verdade, bondade e necessidade. Senão, suspenda o juízo e não abra a boca.
Foi pensando nessas e noutras questões que me motivou escrever este artigo e espero que as reações visem críticas fundamentadas em teorias que sustentem a argumentação. Para superar essa situação proponho a discussão dialética para se elaborar juízos sobre o que se pensa, em vez de pré-julgamentos ou alienação dos sujeitos cognoscentes que não apreendem o objeto de forma reflexiva, clara e objetiva.
Nós, brasileiros, falamos menos mal dos judeus do que Yaveh fala na Bíblia
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